
O capítulo final da nova trilogia do Batman certamente foi, e será por muito tempo, o filme que mais aguardei nos últimos anos. Desde o final do maravilhoso O Cavaleiro Das Trevas, em 2008, eu e muitos outros fãs do homem morcego aguardamos ansiosos pela conclusão da saga criada pelo excelente diretor e roteirista Chistopher Nolan, iniciada em 2005 com o ótimo Batman Begins. Foram quatro anos de espera, com muitas especulações, pesquisas na internet e aquela interminável jogada de marketing aonde os realizadores vão lançando pequenos trailers, que não informam muito sobre o filme. Eis que a espera terminou e finalmente assisti ao tão desejado Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. A espera valeu à pena? Sim, mas poderia ser melhor.
Comentar sobre o filme sem soltar algum Spoiler é quase impossível devida à trama repleta de tensão incessante, reviravoltas e algumas mancadas da produção, por tanto, se você não assistiu ao filme recomendo que tenha cuidado com a leitura porque provavelmente poderei soltar algum SPOILER importante, ok?
O nível de realidade deste filme conseguiu ir além do que já havia sido feito no segundo filme, levando o telespectador a uma Gotham City ainda mais comum, como uma cidade que realmente existe. Pra ser sincero, essa Gotham nada mais é do que New York. Tudo soa mais obscuro neste capitulo final: as pessoas, o clima, os acontecimentos resultantes da história anterior, e claro, nosso querido Bruce Wayne (Christian Bale), isolado em sua mansão numa aparência muito diferente da que estávamos acostumados. Esses primeiros minutos são maravilhosos, incluindo a apresentação do Bane (Tom Hardy), o novo vilão. Nada é feito com pressa, o que torna o filme mais intrigante e melhor que qualquer outra produção do gênero. Essa calma torna o desenrolar da história ainda mais charmosa e todo esse pessimismo acabam tornando a saga atual mais próxima das HQs mais obscuras do Batman.
Quando o Bane e toda sua tropa dá as caras e tomam a cidade de vez, chega à hora do Bruce reassumir o personagem que criou e o deixou tão debilitado. Mal sabe ele que essa decisão só agravará as coisas. A partir daí você já tem ideia do que virá pela frente. Como aconteceu no filme anterior, temos um ritmo frenético, com muita ação e muitos diálogos. É uma trama policial orquestrada de forma perfeita e às vezes até esquecemos que estamos vendo um filme de super-herói, apesar de que não dá para aceitar esse termo para os atuais filmes do Batman. Isso só vale mesmo para a turma da Marvel. Com a cidade já tomada após um elaborado plano para prender toda a policia nos esgotos, Bane se torna a figura do filme, mas sem o charme do Coringa, é claro. A essa altura ele já deu uma surra no Batman, detonou bombas pela cidade, inclusive nas pontes que ligam outras cidades a New Yo..., ops, quero dizer Gotham, e anunciou seu plano: explodir tudo de uma vez por todas, e assim fazer nascer um novo lugar, livre da corrupção e das sujeiras que viviam ali. Mas não ache que o grandão é um cara bom. Ele é tão cruel quanto o bandido que dá controla as favelas cariocas, que dão remédios de graça para os moradores, para depois usá-los como escudos contra a polícia. Além do grandalhão, quem também marca presença de forma marcante é a mulher gato, numa interpretação inspirada de Anne Hathaway.
O filme é bom? Ele é excelente! Mas então por que respondi ‘que poderia ser melhor’ na pergunta sobre ter valido a pena esperar tanto tempo para assisti-lo? Por que ele acabou trazendo algo que não houve nos outros filmes, e se houve foram bem sutis: falhas. Já estava acostumado com as tramas bem amarradas e realistas dos outros capítulos e não esperava que O Cavaleiro das Trevas Ressurge fosse trazer algo mal explicado. E ele traz! Nem preciso avisar sobre SPOILER, certo?
Enumerei as três bobeadas do roteiro, que em minha opinião acabaram tirando a perfeição do filme:
1-) Em nenhum momento o Coringa é citado.
Isso foi um furo bobo do Nolan. Tudo bem que o Heatlh Ledger faleceu, mas não custava nada ao menos citar o que houve com o Coringa. Nem o asilo Arkham, um ícone nas histórias do Batman, foi lembrado. Bastava alguém dizer algo como “- O Coringa está preso no Arkham, por tanto, ele não está por trás disso”. E ok, milhões de órfãos do Ledger estariam satisfeitos. Mas esse é o menor dos três problemas do filme...
2-) A prisão em que Bruce é mantido após apanhar do Bane.
Desnecessária. Apenas isso. Algo que não se encaixou na trama de forma alguma. E a fantasiosa fuga do Bruce só tornou esse núcleo ainda mais clichê. Seria mais interessante se o Bane tivesse mantido o Batman num buraco dentro de Gotham mesmo. E melhor seria se o Batman fosse salvo pelo Alfred, que poderia ter encontrado o Bruce graças a um rastreador que só ele possuía e que estaria instalado na armadura do homem morcego.
3-) O retorno de Bruce à Gotham.
Outro furo importante. Se a cidade estava isolada, com todas as entradas vigiadas, como Bruce Wayne pôde retornar com tanta facilidade se ele estava sem dinheiro, sem a roupa do Batman e sem seus aliados? Se fosse um filme do Superman tudo bem, basta ele voar para dentro da cidade, mas essa façanha é impossível para o Bruce, por mais inteligente e fodão que seja.
Mas que fique claro que esses furos não tiram em nada o brilho deste eletrizante thriller, que já está no hall dos grandes nomes do cinema. Valeu Chistopher Nolan e todos os excelentes atores que formaram o elenco de toda a saga por apagar de vez a mancha deixada em 1997 com o medíocre Batman & Robin, até então o ultimo lançamento do meu herói favorito no cinema. É uma pena que Bob Kane, o criador do Batman, não tenha vivido o suficiente para ver esta incrível trilogia.